Conversando com um amigo sobre as correrias da época de natal, as compras desenfreadas, o apelo comercial, a desvirtuação do espírito natalino e tudo o mais, ele confidenciou que a sua família era um belo exemplo disso, aliás, dizia ele, lá em casa é uma loucura e compra-se muita coisa apenas pelo fato de comprar, sem qualquer necessidade.
A única exceção é a minha avó, — disse ele — apesar de viver sozinha, essa sempre sabe escolher bem os presentes.
Em um certo natal, — continuou ele — ela não pode comparecer, mas mandou entregar os presentes para cada um de nós. Coube a mim um armário de gavetas e para a minha esposa, uma camisola colante, super sensual.
A princípio, — continuou ele — não entendi por que tanto trabalho e, principalmente, por que um armário e uma camisola, até que tive a ideia de ver o bilhete que os acompanhou. Lá estava escrito: “o armário é pra você não largar suas roupas jogadas como sempre faz e a camisola é pra lembrar que tem uma esposa e não ficar gandaiando por aí”.
O inusitado recado foi muito bem dado, — disse ele — só me restou responder-lhe com outro bilhete, onde escrevi:
— Obrigado vó pelos presentes. Enchi as gavetas e esvaziei a camisola!