Os Estados Unidos e a Pequena Notável

Quem vê agora, em 2025, os Estados Unidos “comprando” uma briga comercial com o resto do mundo, não consegue ver este mesmo país na década de 1930.

Pois é, naquela época, o povo americano ainda sentia as consequências da grande depressão de 1929. Devido a isso, aliado a outros motivos, a política americana foi bem diferente, pelo menos para nós brasileiros e para a América Latina em geral.

Franklin Delano Roosevelt, o presidente americano da época, precisando melhorar o “caixa do seu país” e percebendo o aumento da influência “nazifascista” na américa latina, determinou uma mudança na política com estes países, visando, não só melhorar o relacionamento comercial, mas, também, o político e o cultural. (O que, diga-se de passagem, eles o fizeram muito bem!).

Assim, entre as décadas de 30/40, muitos empresários e artistas de ambos os países, entre eles algumas das celebridades hollywoodianas, foram estimulados pelo governo americano a contribuir para essa nova política, com visitas recíprocas para a criação de novos intercâmbios comerciais e culturais.

O resultado disso foi a chamada Política da Boa Vizinhança, (Donald Trump deveria estudar um pouco mais a história do seu país)

Bem, no caso Brasileiro, entre essas personalidades, podemos destacar: Nelson Rockefeller, que criou a OCIAA – agência de intermediação comercial e cultural), Walt Disney (criou vários personagens brasileiros para suas histórias, com destaque para o Zé Carioca, o malandro e esperto papagaio dos morros cariocas), Orson Welles, Lee Schubert, Heitor Villa Lobos, Luiz Carlos Barreto, Érico Veríssimo, entre tantos outros.

Pois é, em 1939, Lee Schubert (empresário americano da Broadway) esteve em visita ao Rio de Janeiro e ficou encantando com uma cantora baixinha que se apresentava no Cassino da Urca com roupas extravagantes, cheia de “trejeitos” e um enorme chapéu decorado com diversos “balangandãs”. (Dizem que era ela mesma que fazia os chapéus, pois, na juventude, foi funcionária de uma chapelaria e tinha facilidade em monta-los).

Seu nome artístico era Carmen Miranda, mas nasceu Maria do Carmo Miranda da Cunha em 09/02/1909, na cidade do Porto, Portugal e veio ao Brasil com menos de um ano de vida (ela mesma fazia questão de dizer que era brasileira e se irritava quando alguém a chamava de portuguesa).

Quando o americano à conheceu, ela já era uma celebridade no Brasil, tanto como cantora como artista do rádio, do teatro de revista e do cinema e conhecida como A Pequena Notável, apelido dado a ela pelo radialista César Ladeira.

No Brasil, o seu maior sucesso foi uma gravação de 1930, a marchinha carnavalesca “Taí, Eu Fiz Tudo Pra Você Gostar de Mim”, uma criação do médico e compositor Joubert de Carvalho, (o mesmo que compôs a famosa música Maringá, Maringá que deu o nome a linda cidade paranaense).

Lee à contratou imediatamente e ela foi para os Estados Unidos, onde obteve sucesso imediato, tornando-se uma espécie de embaixadora do samba brasileiro e símbolo inconteste do programa americano da Política da Boa Vizinhança.

Lá ela permaneceu por 14 anos e seus sucessos foram tão grandes, tanto na música, no cinema como em shows diversos, que ficou conhecida como a brasilian bombshell (brasileira explosiva), tornando-se, inclusive, a mulher mais bem paga dos Estados Unidos da época.

Lá, ela foi homenageada na calçada da fama e com o nome de uma praça em Hollywood, e, em sua cidade natal, em Portugal, é nome de um museu, além de diversas outras homenagens aqui no Brasil.

Ela morreu em Beverly Hills (EUA), em 05/08/1955, de ataque cardíaco, com apenas 46 anos de vida (dizem que sua morte foi devido ao excesso de barbitúricos que tomava).

Vinícius de Moraes já dizia: “Quem já passou por essa vida e não viveu, pode ser mais, mas sabe menos que eu. Porque a vida só se dá para quem se deu”.

Que a paz esteja com todos.

Darci Men.

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