Você já parou para pensar por que existe o tempo?
Segundo Einstein, o tempo é relativo e não passa de uma invenção humana. Mas seria isso mesmo ou o tempo é uma criação da natureza?
Na verdade, o conceito de tempo é muito vago e ele já tem uma história bem longa, cujo final está mais distante ainda.
No entanto, o nosso propósito aqui, não é discutir o aspecto acadêmico e físico do tempo, mas apenas contar a sua história em relação a humanidade.
Mas, afinal, o que é o tempo?
Ele pode ser definido de várias maneiras, mas o tempo como medida, baseado nos fenômenos da natureza, foi inventado na aurora da humanidade. Os povos antigos necessitavam de conhecer e registrar os seus mecanismos para melhor utilizá-lo nos dias festivos, na caça, na pesca, nas plantações etc.
Já, atualmente, como bem sabemos, o tempo é um dispositivo essencial na vida de qualquer ser humano e serve, entre outras coisas, para você reclamar que não tem tempo para nada e, com isso, não lê os meus livros e os meus textos!
Brincadeira à parte, a grande verdade é que a vida moderna não deixa todos nós sem tempo, nós é que perdemos tempo com coisas inúteis.
Voltando a história do tempo, temos outra pergunta:
Quanto tempo o tempo tem?
Segundo um consenso entre os cientistas, pode-se contar o tempo a partir do início do Universo que conhecemos, ou seja, a partir do famoso Big Bang (isto é, levando-se em conta apenas o atual Universo, pois tem quem sustente que o tal de Big Bang eliminou o Universo anterior). Mas esta é outra história!
Pois é, através de vários mecanismos, tais como: a estratificação geológica, a marcação radioativa, eventos arqueológicos, astrofísica, entre outros, foi possível estimar que o “tempo” do Universo que conhecemos, tem aproximadamente 15 bilhões de anos.
Difícil até de imaginar essa imensidão, não é mesmo? Para piorar esse entendimento, se o Universo é muito, muito velho, nós, os humanos, em relação a ele, somos muito, muito jovens.
Carl Segam, em seu livro “Dragões do Éden”, propôs um esquema para facilitar esse entendimento. Ele sugeriu comparar a idade do Universo com um ano do nosso atual calendário (ele chamou de “ano cósmico”).
Então, nesse ano cósmico, o Big Bang aconteceu no primeiro segundo do primeiro dia de janeiro. A partir daí foi necessário praticamente todo o ano inteiro para formar o Universo e somente no dia 31/12 (portanto o último dia desse ano), aproximadamente às 22:20 horas, que surgiram os primeiros seres humanos na Terra. Incrível, não? Pois é justamente nesse “finalzinho” do ano cósmico que está a história humana e onde vivemos atualmente.
Pois bem, como já dissemos, nesse “finalzinho” do ano cósmico, mas na aurora da humanidade, os Sumérios/Babilônios, povo que viveu entre 1.950 a 539 a. C., na Mesopotâmia (atual Iraque), inventaram um sistema de marcar o tempo utilizando o sistema sexagesimal (base 60 e múltiplo de 12), dividindo o dia em 12 partes (aproximadamente 2 horas para cada parte ou 120 minutos). Esse sistema evoluiu e foi criado o mês de 30 dias e o ano de 12 meses (360 dias).
Apesar da genialidade dos matemáticos daquela incrível civilização, esse sistema dava uma “ideia” bem aproximada dos fenômenos naturais, mas não coincidia exatamente com o tempo deles, distorcendo os momentos corretos de vários eventos, tais como: as estações do ano, as marés etc.
Sabemos hoje que a duração exata de um ano (quando a Terra dá uma volta inteira ao redor do Sol), é de aproximadamente 365,2425 dias, ou seja, 365 dias, 5 horas, 48 minutos e 46 segundos.
Outros povos orientais da antiguidade criaram seus próprios sistemas de medir o tempo, popularmente chamados de calendários. Mas, apesar das particularidades de cada um, nenhum deles conseguiu registrar com precisão o movimento da natureza.
No ocidente não foi diferente e os primeiros a criar calendários foram os romanos. No reinado de Numa Pompílio (715 a 673 a. C.), o segundo rei romano, criou-se um calendário com 12 meses, mas com apenas 355 dias. Apesar de muito falho, esse calendário durou quase 700 anos.
Foi o famoso general romano Júlio Cesar (100 a 44 a. C.) quem determinou a criação de um calendário um pouco mais preciso (ficou conhecido como calendário juliano). Este, mais elaborado, continha 12 meses de 30 ou 31 dias (exceto fevereiro com 28 ou 29 dias), dando em média 365,25 dias anuais. Apesar de também conter falhas, durou cerca de 1.600 anos.
Portanto, na época romana e boa parte da Idade Média, aqui no ocidente, foi utilizado o calendário juliano e os anos eram contados a partir do chamado A.U.C., Anno Urbis Conditae (ano da fundação de Roma), mais precisamente 21/04/753 a. C.
Com a influência da Igreja Católica, em 532 d. C., um monge, que também era matemático e astrônomo, chamado Dionísio, o Exíguo, criou o chamado A.D. Anno Domine, (Ano do Senhor), ou seja, os anos passaram a ser contados a partir do ano de nascimento de Cristo, ao invés da data da criação de Roma.
O problema é que o Exíguo, erroneamente, se baseou no princípio que Cristo teria nascido no dia 25/12/753 A.U.C. (não confundir com 753 a. C.). Isto criou várias interpretações para o início da era cristã (tanto em relação ao ano como em relação ao dia), gerando diferenças nos diversos calendários utilizados pelos povos ocidentais.
Mesmo assim o esquema valeu e os anos a partir do nascimento de Cristo passaram a ser registrados como A.D. (ano do senhor) ou d. C. (depois de Cristo) e os anos anteriores ao nascimento de Cristo, como a. C. (antes de Cristo).
Apesar do erro do monge, depois do calendário Gregoriano (1.582 d. C.), ficou convencionado manter o ano 753 U.A.C. como ano 01 da era cristã, mas, o “ponto de partida” é contado em uma escala sem o ano “zero” e sempre a partir de primeiro de janeiro. Assim, o século I d. C., vai de 1/1/1 a 31/12/100; o século II, de 1/1/101 a 31/12/200 e assim sucessivamente.
Da mesma forma, mas em relação inversa, contam-se o tempo anterior à cristo (a. C.). neste caso, quanto mais distante do ano de nascimento de Cristo, maior será o número. Um belo exemplo é o pai de Júlio Cesar, que também se chamava Júlio Cesar. Ele nasceu no século II (ano 140 a. C.) e morreu no século I (85 a. C.).
E tem mais: conforme já dissemos, o calendário juliano não era perfeito, mas ele durou cerca de 1.600 anos e, por volta do ano 1.582 d. C. a defasagem em relação ao tempo real era de aproximadamente 10 dias.
Por esse e outros motivos, o Papa Gregório XIII (1.502 a 1.585 d. C.), encomendou uma correção, adequando o novo calendário com o tempo real (o novo sistema ficou conhecido como Calendário Gregoriano e somente precisará de nova correção a cada 3.300 anos).
No entanto, essa novidade teve as suas consequências: a principal delas foi a necessidade de compensar o erro do calendário anterior e corrigir a defasagem de 10 dias, fazendo com que os dias 5 a 14/10/1.582 fossem suprimidos do calendário (simplesmente não mais existiram para efeito de registros).
A partir de então, o calendário gregoriano passou a ser utilizado por todos os povos cristãos e atualmente é utilizado a nível mundial.
É isso aí, mas você que, apesar do “testão” leu até aqui, arruma mais um “tempinho” para ler outros textos meus. Eu te garanto que não é perda de tempo.
Que a Paz esteja com todos.
Darci Men.