Rotina

Sexta-feira. Finalmente é sexta-feira, pensou enquanto se espreguiçava e lutava contra a preguiça para levantar da cama. Estava tentando lembrar-se do sonho perdido com o barulho do despertador. Não conseguiu.

Levantou-se, lavou o rosto e reparou em algumas rugas refletidas no espelho, não as conhecia. Foi até a cozinha e bebeu café requentado. Saiu.

Depois de uma hora, chegou ao prédio onde trabalha. Já no apartamento, foi direto para o banheiro vestir a roupa velha. Roupa de faxina.

Lavou e passou. Varreu e suou. Sete horas mais tarde, deu-se ao luxo de sentar-se. Cansou-se. Era hora de trocar de roupa novamente e fazer o caminho de volta. E foi o que fez.

Talvez seja pra mim… pensou maria, quando viu aquela rosa abandonada ao pé de sua porta. Apanhou-a do chão e entrou em casa sorrindo para o sábado.

20/8/2007

2 comentários em “Rotina”

  1. Texto em prosa poética que me lembra o Antonio Nobre, poeta português simbolista do século XIX com os seus poemas do cotidiano, leve e coloquial cheio de simbolismo. O poema narra a jornada de uma empregada doméstica (ou faxineira em uma empresa) numa sexta-feira desde a sáida para o trabalho até o final do expediente. O “pensar na vida” quando sai do trabalho que cuja alegria foi encontrar uma rosa abandonada que teria significado para a personagem. Pode indentificar-se com a rosa como abandono ou esperança, talvez amor. Belo texto.

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