Corinthians, 1964

História de corintiano

Meu amigo Scooby pediu-me para contar uma história de corintiano.

Fiquei me perguntando: “acho que ele não me conhece bem! Eu, um palmeirense, contar história de corintiano?”

Mas, pensando bem, acho que ele me conhece melhor do que imagino, ele sabe que eu sou um pobre palmeirense, rodeado de corintianos por todos os lados: minha mulher, meus filhos, meus sogros, meus cachorros, gatos e até a tartaruguinha é corintiana.

Você duvida:

Dia desses fui dar pra tartaruguinha uma verdura bem verdinha (linda mesmo) e a danada recusou, logo em seguida a vi saboreando um pedaço de maçã que encontrou pelo chão, já “preta e branca” de tanta sujeira. Ai de mim, sacanagem, não acha?

Portanto, história de corintiano é o que não falta para mim e vou contar uma bem antiga, de quase meio século.

Meu sogro Pepe, além de gostar muito de pescaria, era um corintiano roxo.

Na década de 60 o grande rival do Corinthians não era o Palmeiras, mas o Santos, do Rei Pelé e, em 20.9.1964 estava programado um clássico alvinegro, na Vila Belmiro, e o Pepe resolveu que não iria perdê-lo por nada.

Darci-carroPegou seu V-8, um Pontiac preto 1951, a mulher, as duas filhas e o Luís (na época era namorado da Magdalena, que mais tarde viria a ser minha cunhada predileta) e lá se foram pela famosa Estrada Velha de Santos.

Se tem uma coisa que admiro em corintiano é a persistência.

Naquele dia o calor estava infernal, a velha e famosa Estrada Velha de Santos, toda congestionada, mas o Pepe chegou lá.

Logo percebeu que o problema era mais embaixo, ou seria em cima? Não importa, o fato é que o local estava tão lotado, que mal dava para se mexer, tinha mais corintiano que chuchu na cerca e o velho estádio da Vila Belmiro recebia um recorde de público: quase 33 mil pagantes.

Devido à lotação, ele deixou as mulheres no carro e, acompanhado do Luís, conseguiu entrar no estádio. Nem bem começou a partida, e a super lotação do estádio “cobrou o seu preço”: parte da arquibancada caiu, ferindo mais de 180 pessoas (felizmente ninguém morreu).

Corinthians, 1964Gritos, correria, entra e sai de ambulâncias e nada dos dois espanhóis aparecerem, até que a dupla surgiu no meio da multidão, assustados, mas ilesos e o Pepe reclamando em seu sotaque castelhano:

— Mala Letche, no consegui nem ver la pelota rolar.

Nem preciso dizer que a partida foi suspensa e remarcada para o dia 30.9.64, no Pacaembu e, desta vez, foi até o fim, mas acabou ficando em um mísero empate de 1×1, gols de Flávio para o “Timão” e Pelé para o Santos.

O curioso nessa partida é que o “Rei” conseguiu perder um pênalti, que foi defendido pelo goleiro corintiano Heitor.

Que a paz esteja com todos.

Darci Men

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5 comentários em “Corinthians, 1964”

    • O bom de ser corinthiano é que empre teremos histórias interessantes para contar e sempre serem recordadas, nem que sejam por palmeirenses, adorei Darci voce ainda pode escrever um livro, pelo menos com as
      histórias dos seus sogros, meus queridos tios!!!!!que saudades deles!!!!!!!!!!!!!!!!

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  1. Darci eu estivelá naquela época eu tinha 11 anos e vi toda aquela correria , ambulancias bombeiros e gente correndo para todos os lados, e nada de encontrar meu pai e meu cunhado, mas tudo acabou bem, so meu pai estava decepcionado por não ver o jogo.

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