Dois Grupos – Uivos Filosóficos

Por Etson Delegá

Depois de muito pensar no mundo, na humanidade, nos problemas do homem moderno (que eu acho que continuam sendo os mesmos problemas de sempre, mas com roupa da moda), acho que cheguei a uma conclusão muito estranha.

A raça humana se divide em dois grupos distintos de comportamento: o grupo dos que pensam e o grupo dos que fazem.

O mundo pertence aos que fazem, mas os que fazem não pensam muito e, quando pensam, pensam porca e apressadamente, porque o negócio deles é fazer e não pensar. Por isso o mundo está na merda em que está.

Os que pensam conhecem bem os problemas e podem até indicar soluções, mas não fazem porra nenhuma, e quando, num esforço titânico, resolvem fazer algo, fazem malfeito, porque o negócio deles é pensar e não fazer.

Por isso existe tão vasta literatura social, política, econômica, filosófica e científica apontando a problemática de nossa civilização e propondo um sem-número de soluções, e mesmo assim o mundo continua na merda em que está.

Vejam exemplos.

O que fizeram Aristóteles, Sócrates e Platão com sua sabedoria? Nada. Toda a aplicação prática da filosofia se deve a outrem que não os filósofos. Maquiável não foi um déspota, Luís XV foi. A coisa mais próxima que Marx fez de uma revolução foram algumas brigas de bar; foi Lênin que pôs a mão no sangue, quer dizer, na massa.

Existe intercâmbio entre os que fazem e os que pensam. Geralmente, quem faz simpatiza com determinada ideia e decide realizá-la, e é via de regra essa ideia ser fruto de um dos que pensam. 

Mas é evidente que existe uma certa falta de diálogo (talvez de entendimento, por melhor dizer) entre os pensadores e os realizadores. É possível que isso seja consequência do desdém que uma categoria costuma sentir pela outra.

De todo modo, o fato é que pensadores e realizadores não falam a mesma língua, e isso é refletido em tudo o que é feito, construído e produzido no mundo.

Na maioria dos casos, se transformam em defeitinhos quase imperceptíveis, idiossincrasias pequenas – afinal de contas: o seu celular funciona, a TV funciona, muitas empresas funcionam, e tudo isso foi concebido a partir de uma ideia e realizado por alguém – entretanto, não seria possível que essa dissonância, quando analisada em larga escala, produzisse a maioria dos conflitos produtivos e conceituais que temos em nosso mundo?

Bem, esse é o meu pensamento fajuto de hoje.

Se você é um realizador, encontre uma utilidade pra isso e mãos à obra! Já se você for um daqueles que pensam, inspire-se nessa enorme besteira que eu escrevi pra desenvolver uma tese e ponha no seu blog, ou publique, ou queime, se quiser.

Abraço a todos.

__________________________

Deixe um comentário

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.