A mulher desiludida

Neste livro Simone de Beauvoir apresenta-nos em três novelas, três mulheres que se dão conta do envelhecimento e, com ele, da morte próxima.

As histórias escritas na forma de diário nos deixam muito próximos dessas mulheres que, poderiam ser nossas mães, irmãs, amigas ou nós mesmas.

Mas como saber e como evitar que estas narrativas cheias de frustrações e desenganos saiam da ficção e se tornem parte da realidade?

Simone de Beauvoir era uma escritora feminista, iniciando a discussão com o livro O Segundo Sexo, onde examinava a condição da mulher através da biologia, do marxismo e da psicanálise, chegando a conclusão de que a alienação das mulheres não é de ordem biológica, mas cultural. Sua atuação pelo movimento feminista tornou-a um emblema, um ícone desta causa no século XX. 

Em A Mulher Desiludida (título original: La Femme Rompue), a autora volta seu olhar para aquelas mulheres que fracassaram: tanto como donas de casa tradicionais como na “libertação” que o feminismo preconizava. Mostrando a condição das mulheres numa sociedade dominada pelo patriarcado.

Apesar de todos os pressupostos filosóficos da autora, A Mulher Desiludida não é um livro ideológico e este é o grande mérito de Simone: por meio de sua sensibilidade, tornou a história dessas mulheres fracassadas em grande literatura.


Referência: 

BEAUVOIR, Simone de. A Mulher Desiludida. São Paulo: Folha de S.Paulo, 2003.

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2 comentários em “A mulher desiludida”

  1. Não há como negar que Simone de Beauvoir foi um grande ícone do movimento feminista. Sua contribuição foi de extrema importância e sua obra, sem dúvida, continua atual e indispensável. Mas, embora o machismo se apresente em todas as classes sociais, é fato que nas classes menos favorecidas ele impera em forma mais cruel e impiedosa. Não há como negar que na sociedade capitalista as diferenças de gênero e raça são acentuadas. Ao sofrer opressão, a mulher burguesa busca de todos os seus meios para superar o trauma, conquista independência financeira e participa de terapias que a ajudam a enfrentar o problema. Ao contrário, a mulher proletária e assalariada, condenada a sua própria sorte, muitas vezes prefere se submeter a ter que enfrentar a pobreza extrema.
    Em 2013, comemoramos sete anos da lei Maria da Penha e mesmo assim continuamos cúmplices da opressão, submissão e violência contra a mulher.

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