Sua Majestade, O Computador

Escrito por Darci Men

“A maior chance de uma catástrofe humana de grandes proporções acontecer não está em eventos da natureza, tais como: enchentes, vulcões, meteoros e etc., nem nas previsões apocalípticas do incrível povo Maia e nem ainda de uma guerra nuclear. A grande catástrofe seria uma pane generalizada dos computadores.”

Li por acaso esta frase de autoria de um tal de Russev, um búlgaro que se apresentou como um parente distante da nossa presidente Dilma Rousseff.

A princípio pensei comigo: “Este cara está doido! Computador basta desligar da tomada e fica mais ‘murcho’ que pau de velho, quer dizer, depende do velho…!”

computador antigo

Mas será isso mesmo? Pensando melhor, o problema está no contrário disso, ou seja, quando ele deixa de funcionar ou funciona mal!

Logo me lembrei do famoso “Bug do Milênio”: a passagem do ano 1999 para 2000.

Na época, os computadores tinham pouco espaço para armazenar dados e os programadores usavam as datas com apenas seis dígitos, assim: dd/mm/aa e aí estava o problema, já que o ano 2000 terminava em “00”, mais os anos 1800, 1900 e etc. também, então, como os computadores iriam identificar a data correta?

A questão quase chegou a um pânico generalizado, todas as empresas e governos de todo o mundo começaram uma corrida contra o tempo para reprogramar seus computadores.

Para alegria dos programadores de plantão, foram gastos milhões e milhões de dólares nessa tarefa.

Mesmo assim, as previsões eram catastróficas: alardeavam panes generalizadas nos setores de energia, telefones, bolsas de valores, bancos, aviões caindo e por aí vai…

Eu mesmo tive que pagar a minha parte: na madrugada do dia 01/01/2000, dia do meu aniversário, quando todos comemoravam um réveillon especial da passagem do milênio, eu, e mais uma centena de funcionários fazíamos testes e mais testes nos computadores.

Felizmente tudo deu certo, mas ficou o alerta.

Dia desses, já no final do expediente, estava eu atrasado com os serviços do dia, “trocentas” coisas para fazer e inúmeras contas para pagar via internet, quando a energia deu uma “piscadela”.

Foi o suficiente para o computador desligar e, mesmo com a volta da energia, não queria “abrir” novamente.

Depois de inúmeras tentativas a paciência se esgotou e tive vontade de dar um belo pontapé naquela caixa preta insensível, mas não podia fazer isso, dependia dele!

Cheguei a lembrar de uma frase que minhas netinhas costumam falar nessas horas: “Meu amor, minha vida, minha privada entupida.” 

Aquilo era um pesadelo, estava quase desistindo quando fiz uma última e desesperada tentativa: olhei fixamente para aquela caixa preta, com seus leds “piscolando”, passei a mão carinhosamente sobre seu dorso gelado e falei, quase suplicando:

— Magnânima Majestade, ajude esse seu servo flagelado, funcione, por favor!

E não é que o danado atendeu as minhas preces e voltou a funcionar.

Que a paz esteja com todos e que fiquem livres da tirania dos computadores.

Amém.

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