Uivos Filosóficos 4 – O Céu e o Inferno: Casamento Perfeito

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“A tarde estava bonita. O garoto passeava pelos campos de Peckam quando avistou anjos com suas luzes iridescentes contemplando a natureza. Todavia o que mais intrigou o garoto foi a visão de uma personagem, ou Profeta Bíblico: Ezequiel.”

O garoto era William Blake (1757-1827), escultor, impressor, gravador e poeta romântico inglês nascido em Londres, era visionário; quando relatou que tinha visto Ezequiel para a sua mãe, ela o repreendeu.

Blake com quatro anos já manifestou a sua vidência com o relato de que tinha visto Deus na janela, e se assustou. Leu o cientista e filósofo Emanuel Swedenborg (1688-1772), visionário sueco o qual inspiraria Blake em escrever obras sobrenaturais.

Segundo Jorge Luis Borges, Swedenborg fixou sua residência em Londres, porém como os ingleses são taciturnos, conversava habitualmente com anjos e demônios.

“Cristo havia dito que as almas, para entrar no céu, devem ser justas; Swedenborg acrescentou que devem ser inteligentes; Blake estipularia depois que fossem os artistas” (O livro dos seres imaginários).

O Casamento do Céu e do Inferno é a obra mais conhecida de Blake, pois abrange o metafísico como a estadia no inferno, não obstante o inferno que as igrejas pregam e, sim, os contrários a favor da existência humana. Quem não já amou ou odiou nesta vida. A Bíblia cometeu o seguinte erro: Separar o Bem do Mal.

Portanto a cosmogonia que a igreja há séculos tenta profundamente justificar implantando o medo a quem ousar não seguir os seus métodos burocráticos, mas também emanando na alma humana que na vida não pode haver abismos.

Outro Profeta Bíblico, Isaías, no Argumento, primeiro capítulo do Casamento do Céu e do Inferno, vaticina o domínio de Edom e o retorno de Adão e Eva ao Paraíso. Edom era um país que se estendia desde o Mar Morto até o Mar Vermelho. Deus estava irado com todas as nações e seus exércitos; todos foram destinados ao extermínio e os mortos jogados fora (Isaías Cap. 34). Depois dos exércitos fenecerem, “os resgatados do Senhor retornarão a Sião com júbilo. Haverá uma alegria eterna sobre suas cabeças, gozo e alegria virão a seu encontro. Tristeza e gemidos desaparecerão” (Isaías Cap. 35).

Grandes poetas já escreveram sobre Deuses dando várias formas e tipos de autoridades. Infelizmente a Igreja através dela, criou ideias e ideais para cultuar mitos da Antiguidade.

Ezequiel teve a magnífica visão dos ossos secos, uma passagem bíblica no qual o Profeta circula na planície e vê muitos ossos ressequidos; o Senhor deu nervos, fez crescer a carne e estendeu a pele por cima, portanto os ossos se aproximaram com um estrondo. Ezequiel viu nervos e carne crescendo em cada osso, logo Deus dá o espírito para que possam reviver (Ezequiel Cap. 37).

A diferença de Blake para Swedenborg é que um conversava com demônios, o outro não. Blake acusaria Swedenborg de preconceituoso por não conversar com demônios, pois só conversava com anjos que são religiosos.

Os anjos protegem com espadas de fogo a “Árvore da Vida” enquanto isso ocorrer, toda a criação permanecerá corrompida; caso os Querubins deixem de guarnecê-lo, toda a criação apresentar-se-á infinita. “Se as portas da percepção se desvelassem, cada coisa apareceria ao homem como é: infinita.” (O Casamento do Céu e do Inferno).

William Blake foi o padre que casou o Céu e o Inferno, mas para os cristãos o Bem é Céu, Mal é Inferno (concordo), mas quem não precisa do Inferno; ainda bem que olho para o Demônio todos os dias! Por conseguinte, quem tem sede de vida: o bom é aquele sentimento de poder, o mal é o que vem da fraqueza.

Para conhecer mais:

O Casamento do Céu e do Inferno – William Blake

O Livro dos Seres Imaginários – Jorge Luis Borges

Isaías Cap. 34 – 35. Bíblia Sagrada. A queda de Edom

Ezequiel Cap. 37. Bíblia Sagrada. A visão dos ossos secos.

O Anticristo – Friedrich Nietzsche