Uivos Filosóficos 1 – William Shakespeare: A Psicologia de Rei Lear

William Shakespeare: A Psicologia de Rei Lear.

Este artigo deveria começar com William Shakespeare, mas como posso expressar em palavras o homem Shakespeare, descrevê-lo é como estudar ou compreender o vasto Universo, entendê-lo é aproximar-se do mais alto grau de humanidade, descobri-lo como homem é encontrar o amor na vida em toda sua longevidade, é como um ser humano descobrir todos os segredos de uma rosa quando desabrocha, e isso torna uma pessoa mais preponderante.

O sábio bardo explica o sofrimento humano numa catarse, ou seja, a emoção, assim como uma imitação completa de certa extensão.

No livro “A Arte Poética”, Aristóteles cita que o mais importante numa tragédia é a organização dos fatos não a imitação dos homens e sim a tragédia, as ações da vida, a maneira de agir e não a maneira de ver.

Na tragédia “Rei Lear” escrita em 1605, com a morte da Rainha Elizabeth I em 1603, a Inglaterra tinha como seu regente o escocês Jaime I (a Rainha Elizabeth não tinha sucessor) o mesmo que selecionou sábios eruditos para uma versão oficial da Bíblia em língua inglesa; o Rei Jaime I tinha admiração pelo Rei Salomão. Shakespeare já estudara a Bíblia no colégio ainda jovem. Shakespeare contribuiu com Jó e Rei Salomão, teria lido o “Cântico dos cânticos” e “Reis” para escrever Rei Lear.

No livro “Shakespeare: A Invenção do Humano”, Harold Bloom cita que “A desproporção entre o sofrimento de Jó e Lear é considerável, pelo menos, até Cordélia (filha de Lear) ser morta.

A meu ver Shakespeare tinha em mente outro modelo bíblico: o Rei Salomão…” Shakespeare traz a tona o tema da velhice e o medo que atinge a maioria das pessoas e seria uma das características do sofrimento humano, sendo que, os idosos não são vistos como pessoas de inteligência ou experientes na vida, mas sim, são vistos, com o tempo de adultos passam por determinadas fases da vida que logo, voltam a ter cérebro de crianças por sua fragilidade. Na peça a única coisa que Lear pede é para que as filhas (Goneril, Cordelia e Regane) digam que o amam, apenas quer que tagarelem que o amam, portanto, quer ser lisonjeado pelas filhas. Para muitos, Lear poderia estar louco, entretanto, definir uma loucura como extravagância na arte literária é um erro; não se pode definir loucura das personagens literárias com a loucura que conhecemos.

Rei Lear só queria tornar-se um homem simples marginalizado por sua loucura, Shakespeare assim como, “Quincas Borba” na obra de Machado de Assis, o criador da nova filosofia “Humanitismo”.

Na arte literária quando uma personagem enlouquece, a sua trajetória é sofrível, portanto numa psicologia humana no decorrer de uma obra seja Dom Quixote ou Hamlet, esses tiveram um fim trágico ou solitário, então fazendo uma retrospectiva dessas obras, o leitor perceberá que o destino acarreta na personagem o seu fim trágico, seja na sua felicidade ou na infelicidade, assim as ações definirão o desfecho.

Portanto, a peça “Rei Lear” é o estudo da loucura humana em geral, as loucuras do mundo imposto de pessoa em pessoa; a velhice temida, a história de um Rei que só queria ser um homem simples e amado. Shakespeare discorre toda a natureza humana na peça com personagens com essência humana sejam eles bons ou maus. Temas como traição, adultério e vingança tornam o dramaturgo maior para a eternidade.

Fontes:

Shakespeare: A Invenção do Humano de Harold Bloom.

A Arte Poética de Aristóteles.

Artigo escrito por:  Professor Eder Vitorino / eder-vitorino@yahoo.com.br

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Esse é o primeiro artigo da nossa série sobre Filosofia, Uivos Filosóficos, que vai abordar a Filosofia na Literatura, a cada terça-feira trataremos de um assunto diferente, comente e vamos ampliar a discussão para além da opinião do autor do artigo. Vamos buscar ir além do que a grande Literatura já nos permite ir.

Uivos Filosóficos

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6 comentários em “Uivos Filosóficos 1 – William Shakespeare: A Psicologia de Rei Lear”

  1. As pessoas preocupando com dramas e tragedias , acabam , acabam sofrendo por antecipação, ficam em uma prisão mental , como um touro que não sabem a força que tem , limitando-se aos problemas e sofrendo consequencias por não estarem ligados a soluções.

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  2. Interreso-me por Shakespeare, no em tanto , não gosto.

    a vida não pode ser um drama ou uma trajedia, devemos pensar no nosso bem com felicidade e cuidar disso para que na velice não tenhamos frustações do quanto tempo perdemos pensando no que ira acontecer e assim deixarmos de fazer aconter.Cuidar da saude , da qualidade de vida é muito mais importante , pois os anos passam e temos que lembrar sempre que a vida é agora é hoje e cada dia teremos um novo desafio , aprender a dar valor no pequenos e simples prazeres da vida , pode-se encontrar em qualquer idade a felicidade, fazer hoje tudo que for possivel dentro de nossa capacidade, com o tempo encontraremos cada vez mais oportunidades e maneiras de ser feliz , ser fiel a nos mesmos procurando sempre não aceitar o que naõ nos tras bem estar, evitanto assim seguir por um caminho errado.

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  3. …Quando O Rei Lear, pede pra suas filhas (gritarem, uivarem ou berrarem) seu amor
    por ele. Na verdade, Lear, queria impor sua condição. Mesmo estando velho, não queria ser posto de lado ou esquecido. Assim fora sua estupidez…
    A velhice é para todos e cruel para quem a alcança!
    Eu quero alcança-la!!!!

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  4. Ninguém precisa deixar de viver só porque muitas vezes a existência parece absurda. Na verdade, somos nós mesmos que damos sentido às coisas. E assim seguimos nossa jornada.

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  5. Em suas obras, William Shakespeare trata basicamente da angústia humana em toda a sua complexidade. Seus sofrimentos, desejos, paixões, enfim, o absurdo de uma existência permeada por uma mistura de prazeres e projetos inacabados. O próprio medo da velhice e a vontade de ser amado que sentiram Rei Lear, evidenciam que são as ações humanas e não o cenário em si (a própria vida) que definem o desfecho da tragédia. Acertadamente, é correto dizer que a loucura dos personagens literários não é uma loucura comum, impregnada de fatores externos que comandam a mente, mas sim, uma loucura lúcida, onde o essencial da natureza humana é visto e sentido na sua mais profunda realidade.

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    • Me pergunto se essa é a maneira como a maioria de nós vai acabar, repletos de angústias e desejos deixados pra morrer e contaminar nossa mente com seus fantasmas.
      Eu não quero mais deixar de viver por qualquer motivo que seja, isso sim me deixa angustiado!!

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